segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Trabalho nas redações em tempo real é discutido no Intercom

A internet trouxe uma nova forma de trabalho nas redações dos grandes veículos: o jornalismo em tempo real. A mesa redonda “Você está preparado para trabalhar em uma redação em tempo real?” discutiu as modificações no modo de produção de notícias por causa desta mudança. O diretor de conteúdo do Terra para a América Latina, Antonio Prada, o editor chefe do Terra Magazine, Bob Fernandes, e o repórter do Correio do Povo e professor da Feevale Marcos Santuário debateram o tema na manhã desta segunda.

Bob Fernandes confessou que tem dificuldades com a tecnologia. “Eu não sei dirigir e aprendi a andar de bicicleta aos doze anos. Quando cheguei ao Terra, há quatro anos e meio, tive que começar a aprender a fazer jornalismo online do zero.” O editor afirmou que a falta de experiência não é necessariamente uma coisa ruim. “Isso te dá uma vantagem competitiva extraordinária, porque o jornalismo na rede tem dois lados: um é o de produção de conteúdo, o outro é o da tecnologia.”

A apreensão sobre como lidar com a nova ferramenta jornalística também é compartilhada por Marcos Santuário: “Não me sinto totalmente preparado para trabalhar nessa redação. Porque, no jornal impresso, estamos acostumados a pensar em escrever agora o que vai ser lido amanhã.” O professor acredita que a instalação de redações em tempo real tem repercussões que vão além do modo de trabalho de jornalistas. “É o fim de uma era e o começo da predominância de uma nova temporalidade.”

Checagem continua sendo imprescindível

Os jornalistas alegaram que, com o advento das novas redações, uma obrigação dos jornalistas se torna ainda mais necessária: sempre checar a informação, não importa o veículo que a tenha divulgado. “A credibilidade não está no tempo real, mas em tudo que é produzido. Prefiro levar um furo de outro portal do que divulgar uma informação sem checar”, diz Bob Fernandes.

Segundo o jornalista da Terra Magazine, o jornalismo em tempo real e o aumento da penetração da internet não provocaram grandes mudanças na cobertura dos jornais de maior circulação. Prova disso, para Bob Fernandes, é que as manchetes desses jornais são, quase sempre, as mesmas. “Acho que o impresso ainda é o porrete das empresas, usado para interesses ideológicos, políticos e econômicos. A única coisa que rompe com esses interesses é a concorrência com outros veículos na internet.”

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